O cara, a adolescente universitária, a TAM e a ANAC

O cara foi até o balcão da TAM no aeroporto Salgado Filho em Porto Alegre e trocou 20 mil milhas por uma ida e volta para Congonhas. Tudo certo. Ao emitir o bilhete eletrônico a atendente disse que "infelizmente o sistema estava fora do ar o que a obrigaria a emitr um bilhete físico". O cara pegou o bilhete e até experimentou uma sensação boa de nostalgia. Era assim que a VARIG nos entregava o bilhete, lembram?

O cara foi prá casa e, época de férias, entregou o bilhete trocado por milhas para a filha adolescente e universitária. Claro que ela ficou muito feliz: iria ter com sua turma de amigos na "paulicéia desvairada". A viagem seria dal há umas duas semanas.

Dois dias depois o cara está tomando café da manhã e a empregada o comunica que achava que, sem querer, talvez, quem sabe, teria colocado no lixo o bilhete. Sabe como é né? é papel, está em cima da escrivaninha do quarto da menina, pensou: vou botar esta merda no lixo...

O cara resignadamente pediu que não contasse para a adolescente universitária para que não ficasse chateada e rumou célere para o balcão da TAM no aeroporto Salgado Filho (Porto Alegre). Depois de mais ou menos 40 minutos foi atendido por uma funcionária simpática e solícita que o informou da impossibilidade de reemitir o tal bilhete. O cara, com toda a educação e paciência argumentou de todas as maneiras. Argumentos inconsistentes, do tipo: se está constanto no sistema porque não emitir um bilhete eletrônico? se já está pago, com milhas é verdade, porque não emitir outro bilhete físico?

Nada foi possível.

O cara solicitou então que lhe fossem devolvidas as 20 mil milhas, já que aquele bilhete (que era físico, mas estava registrado no sistema como ok) não seria mais utilizado.

A funcionária disse que não poderia recreditar as milhas.

O cara, quase chorando, pediu para falar com o gerente, que reiterou tudo o que a funcionária falou.

Não restou ao cara outra alternativa do que entregar o já combalido cartão de crédito para a moça e comprar uma passasgem para os mesmos vôos de ida e volta.

Estava indo embora, o cara, quando lembrou de perguntar: mas então neste vôos vão constar como viajando duas pessoas que tem o mesmo nome, idade, cpf, estado civil, número de identidade e filiação, até porque é a mesma adolscente universitária?

A resposta foi sim.

Aí o cara perguntou: então um dos lugares vai ficar vazio?

A resposta foi: teoricamente sim.

Então DEVOLVE MINHAS MILHAS!!!!!!!!!!!!!!

A resposta foi NÃO!!!!!!!!!!!!!!

O cara saiu dali e entrou numa portinha onde tinha uma plaquinha escrita "ANAC". Entrou cheio de esperança. Agora vai ter um advogado aqui. Agora vai ter um Juiz aqui. Agora vai ter alguem aqui. O cara foi atendido por uma menina super-querida, super-gentil, super-analfabeta e super-nem-imagino-o-que-posso-fazer-por-um-cidadão-que-acaba-de-ser-roubado-escandalosamente-pela-TAM-e-cuja-fiscalização-é-atribuição-do-meu-patrão-que-é-a-ANAC.

O cara saiu dali com um papelzinho onde havia telefones para que ele ligasse e fosse atendido por uma máquina que fica mandando o cara ficar apertando teclas do seu telefone e que vai deixar o cara muito puto porque vai perder horas tentando e nunca vai ser atendido.

O cara amassou o papel. Jogou no lixo. Foi prá casa. Deu um beijo na filha adolescente e universitária. Sentou na poltrona da biblioteca. Abriu um volume do Érico Verissimo e cantarolou antes de mergulhar num lindo "Solo de Clarineta": "estrela brasileira no céu azul, iluminando de norte a sul. Mensagem de amor e paz, nasceu Jesus, chegou o Natal. Papai Noel cruzando à jato pelo céu, trazendo um natal de felicidade e um ano novo cheio de prosperidade, Varig, Varig, Varig...